domingo, 16 de junho de 2013

Sequência Didática

SEQUÊNCIA DIDÁTICA
ALVO: 8º  E  9º ANO 
DURAÇÃO: 11 aulas
TEXTO "PAUSA", DE MOACYR SCLAIR


Crônica ou Conto?

Situação Inicial 

1ª Etapa: Apresentação (2 aulas)


Como você se sente hoje? Sua vida está muito agitada? Ou a rotina está te sufocando?
Seria bom um tempinho só pra você, não é?
Propomos a você dar um "tempo" na aula hoje e só pensar em como sua vida anda sempre muito "igual"...

Assista ao vídeo "Alarm".


E então, você já sentiu vontade de acabar com tudo que te oprime e te obriga a andar na rotina?
Pensa, agora, no significado da palavra "Pausa"...
s.f. Interrupção de um ato por um tempo; Vagar;
Sinal, com que na música se indicam as interrupções;
Intervalo das vigas de um madeiramento.
Sinônimo: Intervalo.
Separação das sílabas: pau-sa

Vamos ouvir uma música?
"Certas Coisas" de Lulu Santos e Nelson Mota




Foi bom, não foi?
Agora, pense: A "pausa" poderia ser um silêncio necessário para nos preparar para enfrentar a rotina do dia a dia?

Escreva em seu caderno o que gostaria de fazer para dar um "Tempo" em sua rotina e voltar com mais força a seus afazeres.
Vamos ler e comentar nossos textos.


2ª Etapa: Conto e Crônica (2 aulas)

Demos uma "Pausa" em nossa aula e agora já estamos prontos para prosseguir.
Então, vamos começar!
Você sabe o que é um conto? E uma crônica?
Pois é, as características desses dois gêneros são bem semelhantes e até podemos nos confundir na classificação dos textos.
Vamos, então conhecer a estrutura destes dois gêneros textuais.

CONTO


O Conto é, na verdade, um gênero difícil de definir. Breve por essência, nele se observa um único conflito. O espaço e o tempo são limitados. Há poucos personagens.
O conto não tem compromisso ou relação com a realidade, como a crônica. Ele é uma espécia de flagrante de um fato peculiar da vida dos personagens, um momento singular. Não tem a complexidade do romance. Diferencia-se da crônica pela densidade com que é construído o enredo.
Em geral, é carregado de tensão e termina no clímax.
É possível observar no conto o emprego de linguagem figurada e de antíteses. O conto é um gênero em que cabe a linguagem subjetiva, muitas vezes até o lirismo. Quanto ao contexto de circulação, é comum a publicação de contos em livros ou em antologias para as quais são selecionados cuidadosamente; às vezes, são publicados em revistas.

CRÔNICA

Crônica é, em geral, uma narrativa curta que focaliza um fato do cotidiano. Normalmente é veiculada em jornais e revistas, e a cidade costuma ser o espaço preferencial em que se desenvolve o enredo.
Há diversos tipos de crônica, dentre elas a humorística, a reflexiva, a lírica. Nas crônicas humorísticas, em geral predominam as sequências narrativas. Nesses casos, a ação costuma ser rápida e sintética. Nas crônicas reflexivas, costumam predominar as sequências argumentativas. Nas crônicas líricas destaca-se o emprego da linguagem figurada.
Nas crônicas em que predominam as sequências narrativas, o foco narrativo pode estar tanto em 1ª quanto em 3ª pessoa, embora em geral predomine, tanto na crônica humorística quanto na reflexiva, o narrador em 1ª pessoa, que parece conversar com seu leitor.
Em geral, a linguagem de crônicas humorísticas apresenta certa informalidade. Nessas crônicas, é comum  encontrar expressões coloquiais e gírias.

Muito bem, mas será que através destas definições podemos ficar seguros para classificarmos estes gêneros?
Guarde suas dúvidas para o final...


3ª  Etapa: Conhecendo o texto  (2 aulas)

Vamos ler, agora o texto "Pausa" de Moacir Scliar, um conhecido cronista.


PAUSA
                
    Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o
 banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, 
preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
                    - Vais sair de novo, Samuel? 
                    Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva, mas as 
sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma 
sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. 
                   - Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
                   - Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
                   Ela olhou os sanduíches:
                    - Por que não vens almoçar?
                     - Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. 
                    A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel 
pegou o chapéu: 
                    - Volto de noite.
                    As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem.
 Guiava vagarosamente: ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
 Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, 
caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. 
Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, 
acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.
 Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
                   - Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... 
                   - Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
                   - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.
                  Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar,
 duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
                   - Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto. 
                  Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento
 pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia
d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um 
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e
 examinou os lençóis com cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos,
 afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os
 dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. 
                    Dormir.
                   Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis
 buzinando,os jornaleiros gritando, os sons longínquos. 
                   Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão
 carcomido.
                    Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um
 índio montando a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope.No planalto da testa, nas
 colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas
 e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos
 esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, 
molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois,
 silêncio.
                  Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a 
bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. 
                  Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
                  - Já vai, seu Isidoro?
                 - Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
                 - Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
                  - Não sei se virei – respondeu Samuel olhando pela porta; a noite caía.
                  - O senhor diz isto, mas volta sempre –observou o homem, rindo. 
                  Samuel saiu. 
                  Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os
 guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
 [De O Carnaval dos Animais. Porto Alegre, Ed.Movimento, 1969]


AGORA, VAMOS LÁ!


Primeiro, pense no título "Pausa".
Você consegue imaginar sobre o que este texto irá tratar?
Então, leia com atenção todo o texto para ver se corresponde às suas hipóteses.
Faça, agora um levantamento das palavras desconhecidas e pesquise seus significados no dicionário, em seguida responda algumas questões:


1- O conto é uma narrativa curta, que apresenta uma condensação de recursos.

a) Nesse texto, quem são os personagens e como se caracterizam?
b) Em que espaço ou lugar acontecem os fatos narrados?
b) Como se pode determinar o tempo em que os fatos acontecem?

2- Uma das características do conto é apresentar um único conflito. Qual o conflito desse texto?

3- O enredo, que é o conjunto de fatos, está estruturado em situação inicial, elemento modificador, conflito, clímax e desfecho.

a) Qual é a situação inicial?
b) Qual é o elemento modificador?
c) Transcreva em seu caderno o clímax, que é o momento culminante da história.
d) O desfecho ou a conclusão representa a parte final do conto, onde se encontra a solução do conflito. Em que consiste o desfecho do texto?

4ª Etapa: Conhecendo o texto (2 aulas)

O que você achou do texto? 
Já chegou a uma conclusão sobre a qual gênero pertence?

O texto "Pausa" de Moacyr Scliar é um conto publicado no livro "O Carnaval dos Animais", Porto Alegre, Ed. Movimento, 1963.

Agora, é sua vez. Em seu caderno, continue o conto, dando um novo final para ele. Vamos ler seu final e de seus amigos.


Etapa Final: Produção de texto (3 aulas)


Você conhece a estrutura de um conto e de uma crônica. Sabe as diferenças.
Agora, propomos a você que produza uma Crônica Humorística com o mesmo tema do conto "Pausa" de Moacyr Scliar.


Siga as orientações:


1- Lembre-se de que a ação, na crônica, é sintética; também o tempo, o espaço e os personagens são limitados;
2- Imagine os fatos que ocorreram antes da história relatada, e o que teria causado as ações dos personagens. Depois conte como a situação se modificou e o que se decidiu fazer, tendo em vista os acontecimentos;
3- O humor muitas vezes é construído pelas situações surpreendentes, inusitadas, pela quebra de expectativa. Procure fazer com que esse tipo de situação esteja presente em sua crônica;
4- Use a linguagem informal;
5- Avalie sua crônica, antes de passá-la a limpo. Verifique se a narrativa ficou leve e com estrutura clara. Reescreva o texto e altere o que for necessário;
6- Reúna-se em grupo com os colegas para montar uma antologia. Distribua as funções (a confeccção da capa, o sumário, a organização dos textos, etc).




Um comentário:

  1. Olá, Margarete
    Parece que você gostou mesmo da SD que elaboramos nos presenciais, não auterou nada. Mas foi bom ter colocado na íntegra o texto "Pausa". Espero que nos encontremos em outros cursos.
    Bjos

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